segunda-feira, abril 04, 2016

COLUNA: Admirável Gado Velho


Foto: Internet

Por Everaldo Paixão
De O Grande Jornal


O

s lobos à caça de votos se vestem de cordeiros e somados ao sorriso largo, aos gestos afáveis, aos abraços quase que distanciado do corpo do eleitor, às promessas, às obras nitidamente eleitoreiras, às frequentes visitas das renovações nas serras, no forró do poeirão, dos velórios (se brincar levam até as carpideiras), e entre tantas outras coisas que estamos cansados de saber, que em outro momento, os senhores políticos jamais comungaria, desde o compartilhamento da alegria aos prantos dessa gente sertaneja nem tanto inocente. 

Estamos e vamos sempre utilizar também da arma tão poderosa que temos para ao invés de usar de forma racional, corajosa e honesta, para vender como se fosse ouro de tolos. Não somos gado novo, mas velho, que evita participar do jogo e assiste a tudo de forma isenta, porque nos rendemos às migalhas. 

Somos o gado desse cenário disciplinar, conduzido pelo peão e o fazendeiro (os políticos), sem ideologia, sem sentimento, seguindo a mesma direção desde quando a afirmação constitucional pregou nas nossas cabeças que “todo poder emana do povo” – o gado - que é exercido por meio de representantes eleitos – o fazendeiro - e então, nos sentimos como se fôssemos os verdadeiros mandachuvas da República. 

Viramos um gado marcado, que vive feliz convivendo com a miséria que a cada quatro anos o dono do rebanho volta para se certificar, que ali ele continuará conduzindo a seu bel-prazer por anos a fio aquela fazenda. 

Damos muito mais do que recebemos sem demonstrar coragem para reagirmos por estarmos além de marcados, manipulados e disciplinados para seguir as ordens do nosso dono. 

Mas eles são extremamente gentis em ano de eleição. A arrogância que alguns deles transpiravam no poder, a distância que mantinha do seu “gado”, é logo substituída por adjetivos qualificativos: bom, sério, diferente, importante, verdadeiro, necessário, enfim, caiu nas graças do povo, digo, gado, e o homem é esse. Quando chega, senta e se acomoda na cadeira da transformação, aí o gado fica desembestado, sem controle, porque não tem mais o fazendeiro para lhe guiar. Ele agora volta as suas origens e passa a abominar tudo que fazia quando queria ser eleito. 

Para se chegar ao dito cujo, o cordeiro, que agora se transformou em lobo, se por sorte você conseguir uma autorização para falar com ele, terá que ser no mínimo sucinto, porque aquela história longa que você contava e que ele gargalhava com sua equipe de bajuladores, precisa ser resumida em no máximo dois minutos, cronometrados a partir de quando ele terminar de atender a ligação do seu celular. 

Vida de gado mesmo. É essa a sina do eleitor brasileiro. Fazemos parte da massa, vendo que a engrenagem está enferrujando, continuamos sem querer mudar, porque não nos são dadas opções para que as mudanças aconteçam. 

Estamos marcados e dizem que chegou a hora de dar o troco pelas atrocidades cometidas por quem estava no poder e agora está saindo para virar “um cidadão comum”. Começaremos tudo de novo. Governo novo, gente nova, salto alto, gado velho, e muita esperança, muita esperança, porque nós araripinenses estamos cansados de sofrer pelos mesmos motivos que há décadas esperamos, para tirar o município do marasmo comprometido pela política irresponsável, assistencialista e tradicionalista, que preserva no poder as mesmas famílias aventureiras. 

 

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